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Ser feminista também é isso | Redefinindo o que é "Cruelty Free" e parando de comprar roupas em lojas

28 janeiro 2016


Desde que comecei a abordar assuntos sobre moda e beleza aqui no blog, um dos temas que eu mais comento é sobre cosméticos Cruelty Free. Literalmente, o termo significa "livre de crueldade" e é normalmente utilizado para designar produtos que não utilizam testes em animais em nenhuma etapa do seu processo de fabricação.

Entretanto, há alguns anos atrás eu acabei percebendo que não são apenas os animais que são explorados de forma cruel pela indústria da moda e beleza. Principalmente quando falamos sobre o mercado fashion e o processo de fabricação das nossas roupas, incontáveis pessoas são cruelmente exploradas.


Como alguém que há 3 anos parou de consumir maquiagem que não seja Cruelty Free, eu sei como é difícil resistir a tentação de comprar aquele batom maravilhoso da MAC, aquele creme da L'oreal ou aquele rímel da Maybelline que todas as suas amigas estão usando e que toda blogueira está recomendando.

Seria muito mais fácil pra mim se eu simplesmente tentasse esquecer sobre o assunto, não pensasse sobre isso na hora de maquiar e simplesmente diminuísse a minha relevância atrás de discursos como "eu sou só uma pessoa e o mercado não vai mudar apenas porque eu deixei de comprar", ou então, "aqueles bichos já foram explorados mesmo, melhor que alguém compre o produto para que não tenha sido em vão".

Eu também estava escolhendo o caminho mais fácil no que diz respeito ao consumo de roupas. Até que eu assisti um documentário que me fez parar de fechar os olhos e tomar a decisão final sobre não consumir mais de nenhuma marca que utilize - em qualquer etapa do seu processo de fabricação - mão de obra análoga à escravidão.

Assista o trailer abaixo do documentário The True Cost, disponível no Netflix.



São vários motivos que me fazem tomar essa decisão e pretendo fazer uma série de posts aqui no blog explicando em detalhes cada um desses motivos, mas hoje eu quero apenas dizer que o meu feminismo me fez tomar essa decisão.

Ser feminista é olhar para a situação da mulher no mundo e defender as mulheres que precisam ser defendidas. Que estão em situações de abuso, que estão se humilhando e se colocando em situações de risco apenas para conseguirem sobreviver, por não terem outra alternativa. E é exatamente esse cenário que encontramos quando paramos para analisar o que está acontecendo no processo de fabricação das nossas roupas.

A maioria massacrante de pessoas vivendo em situação análogas à escravidão são mulheres - ou crianças!! - que trabalham por menos de 3 dólares por dia para sustentarem suas famílias. Elas relatam que precisam cumprir metas altíssimas estipuladas por dia e que, quando não conseguem cumprir, são agredidas moralmente em público.

Esses não são casos isolados. Não são uma empresa aqui e outra ali e nem algumas poucas mulheres. Estamos falando de milhares. Estamos falando certamente de todas as lojas de fast-fashion do Brasil e da grande maioria das lojas de grife também.

Já passou da hora da indústria fashion abraçar o feminismo. E, mais do que isso: já passou da hora deu abraçar essa causa também. Sei que eu não posso falar em nome do feminismo de mais ninguém, mas o que eu posso fazer hoje é pedir pra você, que tenha ficado minimamente interessado no assunto, assistir esse documentário e tomar suas próprias decisões depois. Que cada uma de nós seja responsável por nossa própria consciência.

Um grande beijo e até já.

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2 comments:

  1. Acho que falar sobre isso é muito importante. Passamos o olho, mas negamos a culpa (afinal, não sou eu que escravizo ninguém). Depois que você falou daquele filme (spot...(que ainda não vi)) Consigo perceber que faço sim parte dos que escravizo. A maior parte de nós se torna cúmplice. Lembrei de uma aula de filosofia que assisti (saudades aulas de filosofia), o professor estava falando sobre lojas de grife que fazem essas coisas. E ele soltou a seguinte reflexão: "Se a Zara que vende uma camisa por uns 200 reais tratam os funcionários daquela forma, imagina a que você compra por 20? Ok, generalização não é legal, ma é ai que dói. Como saber? Como encontrar alternativas justas?
    Final do ano passado eu queria muito comprar maquiagem. E eu me vi entre as opções de comprar um produto muito caro que diz que é Cruelty Free e outro não tão caro que não é. Adivinha minha escolha? (Não Cruelty Free) Não fui a primeira e não sou a última (e isso não me torna inocente).
    Crueldade é um abismo sem fim. Está em coisa que não imaginamos e que não queremos abrir mão.
    Me sinto mal. Mas mais que isso. Eu me sinto atada. Parece que a única forma é abrir mão de tudo.
    E é nesse exato momento que percebo que esse tudo não é absolutamente nada. É um costume, um capricho. Um simples horror.
    Talvez não seja possível, mas vamos tentar irmos todos para a libertação.

    ps: eu falo muito. Na hora de escrever não seria diferente...
    Beijos e obrigada.

    Blog Okay - http://goo.gl/543XMQ

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  2. Eu não conhecia isso ainda e achei muito interessante. Não sei se tu já fez isso, mas seria legal mostrar os looks e quanto tu gasta neles, isso vai influenciar mais pessoas a fazer também.

    Beijos
    Mundo de Nati

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Vanessa. Paraibana, leonina, amante dos animais e de homens com cabelos compridos. Isso é basicamente tudo que você precisa saber sobre mim, o resto você descobre nas páginas do blog. ♥

 
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