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O Rio de Janeiro e meus 5 choques culturais!

08 março 2015


Esse fim de semana faz oficialmente 1 semana desde que comecei a ter uma vivência carioca completamente independente. Com certeza não é uma mudança nem de longe pequena - não tanto pela cidade, mas mais pelo fato de morar longe de tudo e todos e descobrir que roupa não se lava (nem passa!) sozinha e que comida não fica pronta por milagre.

Seriously... Momentos difíceis virão! Mas isso será papo para outro post... 

Hoje eu quero falar pra vocês sobre os pequenos detalhes do meu dia a dia, sobre todas aquelas coisas que passam tão despercebida por nós quando já estamos acostumados a morar numa cidade que sempre foi nossa.

Vou me dar todas as licenças poéticas possíveis agora, então me perdoem se parecer muito exagerado para alguns, mas estou começando a enxergar muitas semelhanças entre a nossa relação com a cidade em que moramos e a nossa relação com as pessoas à nossa volta (amigos e familiares em geral). A gente se acostuma muito fácil com a presença e o jeito daquelas pessoas que já fazem parte da nossa rotina, a gente se adapta! E, de repente, não prestamos mais tanta atenção nos pequenos detalhes de suas personalidades. Nos conhecemos tão bem, mas tão bem, que passa a ser um processo inconsciente!

Foto: Antonio Spirito
Aqui, no Rio de Janeiro, tudo é novo para mim. O cheiro, o clima, as pessoas, a arquitetura, o transporte... E a lista continua! Qualquer pequeno detalhe é um choque cultural em potencial para mim. E muitos desses choques culturais me forçaram a trazer para o nível do consciente algo que eu nem mesmo tinha percebido que sabia sobre Brasília, minha cidade anterior. 

Por exemplo: eu "sabia" que Brasília era uma cidade muito seca. Está o tempo todo passando nos jornais, as pessoas comentam, você sente sede o tempo todo... Mas eu não sabia o quanto ela era seca, o quanto essa característica tinha poder sobre minha vida, o quanto ela afetava meus hábitos, minha rotina, minha personalidade... Até eu me encontrar num lugar extremamente úmido! (E aposto que os cariocas  também não percebem o quanto são afetados por essa umidade). 

Enfim, essa semana foi uma sucessão de pequenas coisas, de pequenos choques culturais e de várias inconsciências que se transformaram em processos conscientes. Aqui vai uma lista de 5 dessas pequenas coisas:

#1 Pingos de chuva são, na verdade, a condensação das centenas e centenas de ares condicionados pendurados pelos prédios da cidade.

Sério, é praticamente impossível fugir desses pingos. Eu ainda não me acostumei e não acho que isso vai acontecer tão cedo. Tem se tornado um jogo cada vez mais frustrante brincar de andar pelo centro da cidade sem ser pega pelos pingos. E já teve momentos em que eu acreditei de verdade que estava chuviscando, mas foi uma doce ilusão. Será que os cariocas ainda se incomodam com esses pingos de ar condicionado? Eles estão por todos os lados!

#2 Os carros não vão parar para você passar (mesmo que você esteja na FAIXA DE PEDESTRE!!)

Essa informação provavelmente não causará nenhum choque cultural na maior parte da população brasileira. Mas, se assim como eu, você tiver sido um residente prévio de Brasília, então se prepare para estar em maus lençóis. Não estou querendo causar nenhum alarme maior para não assustar minha mãe caso ela acabe lendo esse post, mas tiveram momentos em que eu realmente me assustei. É muito difícil viver 10 anos em um lugar onde as faixas de pedestres são sagradas e de repente ter que parar de confiar nisso pelo bem da sua própria vida. Meu cérebro já está condicionado, entende? Se eu vejo uma faixa de pedestre, eu vou passar. Os carros vão parar. Não precisa nem dar sinal de vida!!!
Infelizmente o Rio de Janeiro está aí para me provar o contrário...

#3 As pessoas vivem em constante alerta para assaltos

Eu nunca fui assaltada na minha vida. Não adianta, não consigo me adaptar tão rapidamente a andar pelas ruas mal encarando qualquer pessoa "suspeita". A parar de usar meu escapulário ou qualquer correntinha dourada (eu tenho apego sentimental!!), a não sair de casa com bolsa... Também não to falando que vou sair por aí mexendo no meu celular no meio da rua, ou exibindo algum bem material mais valioso como câmeras e notebooks. (Até porque eu não faria isso em nenhum lugar!) Mas aqui é diferente, isso afeta o modo como as pessoas andam, a postura delas na rua, a cabeça abaixada, o olhar esquivo... É algo que ainda vai me levar certo tempo.

#4 Tem muita travesti nas ruas de Copacabana

E aqui vai um fato que vocês precisam saber sobre mim: eu amo essa diversidade. Eu gosto que elas estejam presentes na rua, de ver essa representatividade entre as pessoas lá fora, essa pluralidade de gêneros. É algo que eu nunca tive em Brasília e lamento muito por isso. Travestis existem em qualquer lugar, a diferença é que em uns elas se escondem e em outros não. E, por favor, não quero ninguém andando escondida por aí.
O problema são as outras pessoas... Não teve nenhuma vez que encontrei uma travesti e não encontrei alguém em volta reagindo de maneira negativa a essa presença. E até exprimindo essa reação para as pessoas próximas (eu, no caso!!). É uma pena, Rio de Janeiro. É uma grande pena.

#5 Tem muito gringo também!

Assim como eu amo as travestis, amo todos os gringos! Eu sempre soube que o Rio era uma cidade turística e bastante frequentada por estrangeiros, acho que todo mundo sabe disso, mas, antes de vir pra cá, eu achava que os gringos só visitavam o Rio em épocas festivas (fim de ano, carnaval, feriados, etc...). Não esperava que ainda tivessem tantos em meados de março! E fico muito feliz! Espero que eles se mantenham ao longo de todo o ano, incensadamente. (E a melhor parte é que ninguém reage de maneira negativa aos gringos).

Foto: @_salomo
É isso! Espero continuar colecionando pequenas impressões por muito tempo ainda, até que eu também me acostume ao Rio e todas essas coisas se tornem parte de processos inconscientes. Também espero ter muitos mais choques culturais pelo caminho, pois são com esses choques que reconhecemos a cultura em que estamos inseridos. E enquanto eu tiver novas observações para fazer, pode ter certeza que elas renderão novos posts por aqui!

Quero muito saber o que acharam sobre cada uma dessas coisas! Você é carioca? Já reparou em tudo que eu falei? Discorda de alguma coisa? Me deixem saber tudo nos comentários!

Um grande beijo e até já!


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8 comments:

  1. Estou chocado com o lance da condensação dos ares condicionados.... nossa eu nunca que iria pensar que isso fosse possível!!
    O fato das travestis possuírem maior empoderamento também me chamou atenção, e fiquei super feliz por isso. Mas em contra partida, acabei ficando um pouco decepcionado com essa coisa dos maus olhares. Enfim, não podemos agradar a todos né?
    Rio de Janeiro é uma cidade linda,mas mesmo assim não tenho vontade de morar ai, sendo também muito pouca a de visita-la hahahhaha E ainda não descobrir o porque disso...
    bjsss

    http://psicotendencia.blogspot.com.br/

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  2. Van, me diverti lendo esse post. Como você disse, você acaba ficando tão acostumada com a cidade e a cultura dessa cidade que algumas coisas acabam passando despercebidas. Eu gargalhei (é sério!) quando li sobre os pingos do ar condicionado e me lembrei que quando voltei para o Rio tinha a mesma sensação que você tem tido, de estar chuviscando com um céu azul e limpo sobre a minha cabeça. Também me dei conta que hoje, sempre que sinto uma gotinha em mim, é mais natural eu pensar "ar condicionado" do que "chuva". Só penso "chuva" quando sinto mais de um pinguinho.

    Sobre a faixa de pedestre, tá aí uma coisa que eu não me acostumei AINDA. Olha que São Paulo não é muito diferente. Mas se prepara porque os motoristas cariocas são os mais abusados, avançam sinal (muitas vezes, mesmo que o sinal esteja aberto para mim, eu espero todos os primeiros carros, de cada fileira, pararem antes de atravessar), não param quando tem alguém atravessando a rua (e cuidado que tem gente que até acelera pra assustar o pedestre! - ainda mais se não estiver atravessando na faixa), não ligam a seta (você que tem que adivinhar para que direção eles pretendem seguir). Já quase fui atropelada trocentas vezes nas ruas do Rio, ainda mais pela zona sul! E toda hora que vejo um motorista espertinho desse faço questão de xingar e mostrar o dedo.

    Quanto aos assaltos. O Rio tá perigoso pra caramba! Ainda mais depois que vieram com as pacificaçoes das favelas. Tá demais mesmo, então melhor tomar cuidado, mas não precisa ficar paranóica e ficar com medo de ser a assaltada a cada passo. Acho que tem que relaxar e ficar atenta.

    Acho que o ar pejorativo em cima dos travestis não é por serem travestis, é porque Copa, além de ser conhecido como o bairro dos velhinhos, é também conhecido como o bairro das prostitutas e, infelizmente, a imagem do travesti aqui no Rio está ligada às prostitutas (e na verdade, tem muito travesti que faz programas no Rio ainda mais em Copacabana e na Barra). É uma vergonha, eu sei :|

    E a parte legal é que, sim, aqui tem muito gringo!! O que é bem legal porque por todo lado você pode acabar conhecendo gente de váaarios países diferentes! Tem uns lugares que aglomeram mais gringos ( inclusive um pub em Ipanema que eu AMO! Tem uns drinks maravilhosos, eu gosto bastante).

    Um Metro e Meio de Livros

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  3. Vanessa, achei muito legal ler suas primeiras impressões da nossa cidade! Foi como quando a gente vai cortar o cabelo e, ao final, o cara coloca um espelho atrás da nossa nuca, para a gente ver se ficou bom! É uma oportunidade única! Eu não consigo, no dia a dia, ficar olhando meu cabelo atrás! Assim como já incorporei, inconscientemente, o costume de andar embaixo das marquises ou no meio da calçada! Nas ruelas do centro da cidade, no meio da rua mesmo! Acho que, em breve, você nem vai se importar mais com um ou outro pinguinho na cabeça! E vai descobrir também, desafortunadamente, que o Rio também é uma cidade cheia de POMBOS nos beirais!

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  4. Muito bacana o post! Eu me mudei do interior pra São Paulo há 3 anos e tive muitos choques culturais também. O metrô tão cheio, a pressa das pessoas, quase morri com o tamanho dos mercados hahaha
    Nunca fui pro Rio mas imagino que seja uma cidade beem diferente de SP, e sempre ouvi que os cariocas são muito apressados e não param nem pra sinal vermelho, imagina pra pedestre D: (aqui a gente para nos semáforos e quando não tem semáforo, procuramos parar sempre nos horários mais perigosos e quando tem 3 pessoas ou mais pra atravessar nos horários comuns).
    Beijos,
    http://umablogueirapobre.blogspot.com.br

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  5. Sei bem o que você está sentindo, eu moro no Rio há 6 anos, sou paulista, mas morei em Goiânia, Brasilia, voltei pra SP e vim parar no Rio de Janeiro, posso dizer que o maior choque cultural foi aqui no Rio, e olha que sou casada com um carioca e que me acompanhou em todas essas mudanças.
    Quando me mudei pra cá eu não saia de jeito nenhum de bolsa, ou se saia era uma pequena pra não chamar atenção. Já cheguei a trocar de celular (por um mais antigo) só pra ir ao Centro da cidade por medo.
    Eu reparei que as pessoas não percebem como eu, mas eu acho o Rio, independente do local, fedido demais kkkkk sério, se vou pra Copa ou pro Centro então, só consigo sentir cheiro de lixo e creolina.
    A educação no transito, olha que sou de SP e acho lá caótico, mas sempre encontro pessoas educadas no transito, ao contrário daqui, que o farol pode estar fechado, mas o carioca faz questão de te prender na vaga.
    Fora essas "pequenas" coisas que me incomodam, diria que o Rio tem lugares lindos e um povo muito amigável...
    Beijosss
    Alê
    http://www.alecarnevalli.com.br/

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    Respostas
    1. Ops. sem cair em contradição... rs
      Amigável no sentido de aproximidade mesmo, fazer amigos, no transito continuo afirmando q não.

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  6. Muitos desses travestis que você "adora ver na rua" são responsáveis por assaltos que "afetam o modo como as pessoas andam".

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  7. Oi... uma correção, essa ultima foto, do amanhecer no Mirante Dona Marta no Rio, creditada a @_salomo. Não é dele. É minha. @higordepadua !

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Vanessa. Paraibana, leonina, amante dos animais e de homens com cabelos compridos. Isso é basicamente tudo que você precisa saber sobre mim, o resto você descobre nas páginas do blog. ♥

 
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