Da arte de se sentir a mulher mais bonita do mundo

Não sei como escrever essa frase de uma maneira mais suave, então apenas falarei de uma só vez: eu me acho a mulher mais bonita do mundo. 

Não foi assim minha vida inteira, devo confessar que já tive muitos anos de fraqueza. Já me deixei abater pelo bullying, pela opinião dos garotos da minha sala, pelo comentário ""indireto"" das outras meninas da minha idade. Mas foi algo que simplesmente aconteceu. Um dia eu me olhei no espelho e pronto, lá estava ela: a menina mais bonita que já tinha visto na vida. 

Demorou mais tempo para falar como eu me sentia em voz alta do que levou para eu me enxergar dessa forma. 

Pode confessar, eu tenho certeza que você deve estar me achando super metida, convencida, arrogante, entre outros adjetivos negativos que eu não vou querer nem mencionar. Mas você sabe que eu sei que você está pensando neles. Agora eu apenas parei de me importar com o que essa afirmação pode gerar.

Eu não devo me sentir mal por me achar bonita. E são pensamentos desse tipo que contribuem para que a grande maioria das mulheres de hoje em dia se olhem no espelho e não tenham nada de positivo para falarem sobre si mesmas. Porque todo mundo se acha feia demais. Errada demais. Fora dos padrões demais.

Então o que elas fazem? Se escondem em camadas e mais camadas de maquiagens e outros recursos estéticos, que variam desde aquela chapinha ou baby liss sagrado do dia até algum procedimento cirúrgico. E elas não saem de casa sem essas coisas, elas não permitem serem vistas de outra forma, elas se tornam reféns de suas próprias inseguranças. 

E tudo isso poderia ser evitado se elas simplesmente tivessem sido ensinadas a se acharem a mulher mais bonita da face da terra. A se amarem do jeito que são, desde o momento em que acordam pela manhã com bafo e cabelo desgrenhado até quando se arrumam um pouco mais para algum evento. Porque também não existe nada de maligno na maquiagem e nos outros recursos estéticos, mas existe algo muito pior na forma como ela pode te escravizar.

Na verdade o maligno surge toda vez que abrimos as revistas, ligamos nossos computadores ou sentamos para assistir TV. São através dessas mídias que somos ensinadas que não podemos nos sentir bonitas. Afinal, se não parecemos nem um pouco com aquelas modelos maravilhosas, como deveríamos sequer ter coragem de sair na rua desse jeito?

E não só aprendemos a nos odiar, como aprendemos a disseminar o ódio. A reparar com olhos maldosos naquela colega (ou até mesmo amiga) que se recusa a sair de casa maquiada, que ainda não desistiu dos cachos, que não se depila, que usa saia curta ou decote grande mesmo não tendo o corpo "certo" para isso. 

Eu não quero terminar esse post de maneira moralista, não quero te ensinar que é "errado" falar mal da amiga que é diferente de você. (Até porque, se você pensa assim, dificilmente eu serei a pessoa que mudará seus pensamentos). Mas a verdade é que, muitas vezes, aquela amiga se acha muito mais bonita, é muito mais feliz e se ama muito mais do que você jamais conseguirá amar a si mesmo sem todos esses produtos que você "não vive mais sem".

Não se esqueça de se inscrever no meu novo canal Chanice Também É Nome e até já!

*O post de hoje faz parte do Rotaroots do mês e foi inspirado na campanha #Stopthebeautymadness. Para saber mais sobre o Rotaroots clique aqui.

Me acompanhem também nas redes sociais:

Facebook♥Youtube♥Instagram♥Twitter♥Vlogs