Sobre fazer parte do grupo de pessoas que sonham

Poucas pessoas tem a sorte de saber numa idade tão baixa o que elas querem fazer pro resto da vida. Na verdade, mesmo aos 18 anos (que é quando todos esperam que estejamos prontos para tomar essa decisão), não me lembro de ninguém que não tenha se desesperado na hora de escolher o curso desejado para o vestibular... Todos sabiam que aquela decisão provavelmente definiria de maneira definitiva o rumo que a nossa vida tomaria dali pra frente. E a grande maiorias das pessoas se assusta com essa ideia.

Mas não eu. Eu nunca fui uma dessas pessoas. Sempre me inclui naquele outro grupo de gente que tem a vida inteiramente planejada, aquela pessoa que já sabe exatamente o que vai acontecer na sua vida em fevereiro de 2024, porque passou muitos anos sonhando com cada detalhe do futuro. E sonhar é uma das únicas coisas que não posso jamais reclamar por ter feito de menos.

Aos nove anos eu já sabia o que queria fazer pro resto da minha vida e não me assustei nem um pouco com a ideia. Nada fazia mais sentido do que me tornar escritora, e saber disso ainda tão jovem só me traria a vantagem de realizar meu sonho mais rápido ainda. Infelizmente, mais de 9 anos depois, também não foi assim que as coisas aconteceram.

Assim como passo muito tempo da minha vida sonhando com o meu futuro, também passei tempo o bastante refletindo sobre aquilo que estava me impedindo de tirar o meu futuro do plano dos sonhos e passá-lo pro plano da realidade. E a causa desse atraso não poderia ser a mais banal de todas.

Eu passei tanto tempo desejando O futuro, construindo meus sonhos e pensando em como eu queria exatamente que as coisas acontecessem, que tenho medo do resultado ser decepcionante. Tenho medo de decepcionar a Chany dos 9 anos de idade com um livro que não vai ser um best-seller, com histórias que as pessoas não vão gostar de ler e que nenhuma editora vai querer publicar. Tenho tanto, mas tanto medo do fracasso, que esse medo me impede sequer de começar. E toda vez que começo a escrever... Ou toda vez que termino de escrever, a crítica dentro de mim me fala coisas que jamais repetiria em voz alta.

Tem sido assim desde sempre, mas não quero que continue assim pra sempre. Criei o projeto PH Poem a Day também pra me forçar a postar meus textos publicamente. Não para receber elogios das pessoas, mas pra me conscientizar que meus primeiros textos não serão os melhores. E me sentir bem com isso. Nem tudo que eu escrever será bom, não serão todas as palavras que encontrarão leitores. Porque a escrita é um processo muito mais do que um talento.  Eu não nasci uma escritora pronta, mas me tornarei uma. Em um processo muito, muito longo. E não acredito que nem Gabriel García Márquez só tenha escrito belas palavras, que nem ele tenha deixado alguns poemas ruins pelo caminho.

Eu agradeço pelos textos ruins que produzi, porque sei que eles fazem parte desse processo. E sei que me torno uma escritora melhor a cada palavra nova que produzo. Talvez meu primeiro livro seja recusado por algumas editoras e, talvez, (por mais difícil que seja pra Chany dos 9 anos lidar com essa ideia), mesmo se ele for publicado, ele poderá ser muito menos que um sucesso. Mas ele jamais será um fracasso.

Porque ele será a morte do medo.

Me acompanhem também nas redes sociais:

Facebook♥Youtube♥Instagram♥Twitter♥Vlogs